sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Pedro Machado de Bitencourt

São Bento do Sul

Com o início das retretas, o nome da Banda Treml novamente está em evidência na cidade. Domingo também se comemora o Dia do Compositor e o maestro da Banda Treml foi quem compôs o Hino de São Bento do Sul.

Quem é
Pedro Bitencourt, 69 anos, é maestro autodidata. Natural do sul do estado, chegou a São Bento em 1970 para ser chefe de gabinete na Prefeitura. É formado em letras pela UFPR.

InCartaz: Como chegou a São Bento?
Pedro Bitencourt: Sempre tive a música como hobby. Fiz muitos cursos na área empresarial e cheguei a ser instrutor do Senai. Foi por isso que vim a São Bento em 1970, a convite do prefeito Ornith Bollmann para ser chefe de gabinete. Continuei quando o prefeito Grilo assumiu. Depois fui 15 anos gerente nacional de vendas da Rudnick. Em 1993 voltei à Prefeitura com o Frank Bollmann e fiquei enquanto ele foi prefeito e mais os oito anos do Sílvio Dreveck, com quem trabalhei dois anos no gabinete de Florianópolis.

IC: Como começou a paixão pela música?
PB: Meu pai tinha um grupo de violeiros, com gaita de boca, rabeca, que é o violino tocado na barriga e cavaquinho. Aprendi gaita com meu pai, quando ainda tinha 8 anos. Estudei fora e fiz cursos regulares. Por minha conta aprendi sobre música, nunca fiz um curso específico. Aprendi a tocar harmônio. Hoje tem um no museu. Passei para o órgão de tubos e fui organista em Curitiba, onde também atuei no coral como cantor e depois regente. Por quatro anos fui auxiliar de regência no coral de Curitiba. Fundei o coral masculino em São Bento e a Associação de Coral de São Bento.

IC: De que forma chegou a ser o compositor do hino de São Bento?
PB: Eu era regente do coral Montanara e da Associação de Coral de São Bento, a qual tinha umas 40 pessoas. Em 1973, ano do centenário, a cidade ainda não tinha hino. O prefeito Ornith me pediu para fazer o hino, mas muitos músicos da cidade não aceitaram porque eu nem era nascido aqui. Eu compreendo eles, se fosse comigo também ficaria chateado. Para não haver brigas, sugeri ao prefeito organizar um concurso. Desse concurso participaram músicos conhecidos da cidade como o “Xerife”, da Banda Treml, e o José Sluminsky. Todos os hinos foram lacrados em envelopes preservando o anonimato dos autores. A relação de autores foi feita por números e trancada no cofre da Prefeitura. Uma comissão composta por professores da faculdade de música de Blumenau escolheu o hino sem saber de quem era e ganhou o meu hino. A gravação foi feita no mesmo ano, sem muito ensaio, nos estúdios da TV Gazeta, em São Paulo. Gravamos dois compactos. Um deles com o Hino de São Bento e o Hino do Centenário. O outro tinha o Hino dos Jogos Abertos feitos em São Bento. O município foi o único do estado a ter hino próprio para os Jogos Abertos.

IC: E a inspiração para o hino veio de onde?
PB: A letra fala coisas sobre São Bento, como a parte humana, visual, tudo que me chamou a atenção quando conheci a cidade, alguns anos antes de vir morar aqui, ainda como estudante em Curitiba. Na época, a cidade era quase como Campo Alegre hoje, muito florida. A melodia você exercita no teclado e essa linha melódica vem naturalmente, depois você enfeita um pouco. Levei de dois a três dias, no máximo, para fazer o hino com o arranjo a quatro vozes e a partitura para piano.

IC: E o senhor tem outras composições?
PB: Fiz o Hino do Colégio São José, hoje Bom Jesus, do Colégio Roberto Grant, do Froebel e o hino da União Paranaense de Estudantes, mas esse não pegou. Na época que foi feito foi muito cantado, mas depois foi esquecido. Clubes de Bolão também me procuram para fazer hinos a eles. Tive a oportunidade também de criar alguns hinos religiosos e composições para órgão e pequena orquestra, como violino e piano ou violino e órgão.

IC: Como está o trabalho de músico hoje em dia?
PB: Nossos ensaios com a Banda Treml são sempre nas segundas-feiras à noite, por isso não atrapalha meu trabalho durante o dia na fundação. Estou há 17 anos com eles. Na época fui convidado a reger a banda porque o maestro anterior desistiu e eles conheciam a minha experiência como maestro. Assumi por 90 dias e continuo até hoje.

IC: A Banda Treml é a mais tradicional da cidade. Já pensaram em tocar outros estilos?
PB: Ela existe há 98 anos e tem como foco principal as músicas germânicas. Ficou conhecida por isso e não adianta querer inventar. Apenas como fomos para a Alemanha precisávamos levar um pouco de música brasileira. Não iríamos para a Alemanha tocar música alemã. Preparamos um pout-porri com mescla de músicas alemãs e brasileiras, o qual utilizamos também na última retreta do ano, que é na véspera do Carnaval, mas samba ou pagode mesmo não nos atrevemos a tocar. O grupo possui um repertório com mais de mil músicas. Têm valsa de seresta, algumas músicas italianas, outras americanas mais universais, mas nos dedicamos mesmo às músicas alemãs.

IC: Além da Banda Treml, continua como maestro de corais?
PB: Não, os corais que eu regia tive de deixar quando comecei a trabalhar na Rudnick e acabaram se desfazendo. Hoje sou maestro na orquestra polonesa aqui em São Bento do Sul. Trata-se da Polska Orkiestra z Brazylii, Orquestra Polonesa do Brasil. Ela se chamava Orquestra de Câmara da Polônia, mas já havia outra orquestra com o mesmo nome na Polônia, por isso decidimos mudar. Descobrimos isso quando tocamos em Roma e algumas cidades da Polônia. Já fizemos apresentações por todo o sul do Brasil também. Desde 1988 temos esse trabalho e é a única do gênero no Brasil como orquestra mesmo. Existem bandas que tocam música polonesa, mas nenhuma outra orquestra.

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