quinta-feira, 28 de julho de 2011

Acessibilidade no Festival de Dança

Joinville

Determinação para superar limites e encarar a deficiência como um limitador que todas as pessoas, de alguma maneira ou em algum momento de suas vidas, possuem. Sob essas duas vertentes, o arquiteto especialista em acessibilidade, Mário Cesar da Silveira, ministrou a Oficina de Acessibilidade "Outros olhares sobre o corpo", que marcou a programação do 29º Festival de Dança de Joinville na tarde desta quarta-feira (27).

A Oficina reuniu 27 participantes, entre bailarinos, mães de bailarinos, coreógrafos, professores e colaboradores da Feira da Sapatilha. Foi uma ação da Prefeitura de Joinville, por meio do Comitê Gestor Cidade Acessível é Direitos Humanos e o Instituto Festival de Dança, que inovou na edição 2011 com diversas ações de acessibilidade. Entre elas, destacam-se a impressão do Guia do Festival em braile, a tradução em libras nos telões durante as apresentações de dança e a divulgação do tema acessibilidade nos cerimoniais dos 17 Palcos Abertos montados em vários locais da cidade.

A Oficina propôs aos participantes uma vivência, na prática, das limitações e barreiras impostas pelo meio. Os participantes experimentaram andar em cadeiras de rodas, muletas, tiveram seus olhos vendados, entre outros exercícios que simularam uma deficiência. Jordana Machado, colaboradora do estande Do Dance, da Feira da Sapatilha, circulou pelo Centreventos com andador, peso nas pernas e óculos que simula catarata. Ela conta que a experiência foi importante. "Ao conhecermos as limitações, valorizarmos a superação", destaca. Ela afirma que, a partir desta oficina, o atendimento dispensado a um idoso, gestante, cadeirante e os mais diversos tipos de deficientes, será diferente.

Gustavo de Souza, do Balé Jovem de São Vicente (SP), de 16 anos, usou um tampão nos olhos e andou de bengala. Caracterizou a experiência como estranha, sentimento que o fez valorizar os jovens bailarinos que superam limites para realizar o sonho de dançar.

Segundo dados do IBGE, 14,5% da população brasileira, ou seja, 25 milhões de pessoas possuem alguma deficiência. Rita de Cássia Chagas Fernandes, coordenadora do Comitê Cidade Acessível é Direitos Humanos de Joinville, valoriza os resultados da Oficina. Ela destaca que o exemplo da pessoa com deficiência, do bailarino que supera seus limites e sobe ao palco em cadeira de rodas, sem visão ou sem audição certamente pode mudar valores e conceitos na vida desses jovens participantes da Oficina. "Torço para que eles repartam este conhecimento e ampliem ainda mais nossa rede de ações pela acessibilidade plena de Joinville e de todo o Brasil", argumenta.

Mário Cesar questiona os participantes sobre os limites do corpo. Ele afirma que o que faz o ser humano melhorar é conhecer suas deficiências. "Todos temos deficiências. O desejo de vencê-las deve ser maior do que as limitações pessoais, só assim teremos forças para superá-las", finaliza.

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