segunda-feira, 18 de julho de 2011

Falta espaço teatral

São Bento do Sul

A falta de um espaço adequado para apresentações teatrais na cidade ficou evidente na noite de sábado, durante a apresentação do “Pequeno monólogo de Julieta”. As pausas da peça dramática precisaram ser encurtadas pela atriz Gilca Rigotti, o que fez o brilho do espetáculo ficar um pouco ofuscado, pois onde deveria haver silêncio, se ouvia a música e os barulhos externos da Sociedade Bandeirantes.

O esforço de Gilca para se manter no papel de Julieta e continuar o monólogo apesar das intervenções externas foi gritante. A própria atriz reconhece: “Senti que encurtei algumas das pausas que, sob o silêncio, ficariam mais dramáticas”. Ao final da apresentação, a representante do Sesc pediu desculpas ao público pelo barulho.

Medir a receptividade do público é um desafio para o ator em cena. Nas comédias, essa aceitação é de fácil compreensão devido ao riso da plateia, mas como descobrir isso em meio a um drama como o escrito pelo dramaturgo e diretor Christiano Scheiner, baseado na obra de Willian Shakespeare? A resposta é dada pela própria atriz. “O ator precisa ouvir o silêncio do público”, diz.

Escrito em 2000, o texto começou a ser montado pela atriz e pelo autor apenas nove anos depois. No início, o trabalho foi feito com outro ator representando o Romeu morto. Com a saída dele, a peça parou. Na remontagem ano passado, a necessidade desse segundo ator foi retirada de cena. Agora a peça percorre municípios do estado pelo projeto EmCena Catarina, do Sesc, com a apresentação do Grupo Círculo, de Florianópolis.

Gilca não só atua como é responsável pela criação e execução dos figurinos, pela produção executiva e divide cenografia, iluminação e adereços com o diretor. Com a saída de Romeu, o monólogo ficou ainda mais minimalista. Os poucos elementos utilizados (um par de sapatos, uma adaga, um palito de prender cabelo e as alianças) evitam o desvio da atenção por parte do público. O texto com um português mais rebuscado e arcaico parece fluir de forma natural e livre quando recitado por Gilca.  Para o diretor Robson Rodrigues, da Trupe Teatral Panaceia, o qual acompanhou a peça, falar de amor durante 45 minutos pode ser tedioso, mas o monólogo trabalha isso de tal forma que continua a prender a atenção do público.

Quanto ao barulho que atrapalhou o silêncio do espetáculo não há culpados para apontar. O Sesc escolheu o local que achou melhor adequado ao público esperado. O Circo Teatro Bileco, no estacionamento da Sociedade Bandeirantes, também apresentava uma peça na mesma noite. E a Prefeitura corre para restaurar o Espaço Cultural, antigo Cine Brasil, local mais indicado para espetáculos como o monólogo encenado sábado à noite.

Atualmente o local se encontra interditado pelas infiltrações e risco de desabamento do telhado. Por ser um prédio tombado, a obra se trata de restauração e há poucas empresas habilitadas para isso. Edital lançado pela Prefeitura no início do mês foi vencido por uma empreiteira de São José dos Pinhais, mas não há previsão para início dos consertos. Enquanto isso, dezenas de escoras de madeira sustentam o telhado para evitar que ele caia.

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