sábado, 9 de julho de 2011

Curta-metragem são-bentense

São Bento do Sul

Já se encaminha a produção do primeiro curta-metragem originalmente são-bentense. A produção será feita pelos alunos da oficina de cinema ministrada pelo diretor, produtor e cineasta paulista Christian Targa Pessoa, 35 anos, e pela jornalista Juana Dobro.

O curso é proporcionado na Fundação Cultural para um grupo de sete pessoas. “Apesar do número de alunos ser abaixo do esperado, estamos felizes com a qualidade deles”, observa Targa. Juana reforça: “Cada um tem aquele brilho nos olhos quando falamos em cinema”.

Apesar de estar há 20 anos no ramo, Targa jamais fez qualquer curso na área. Tudo que sabe, aprendeu na prática, com alguns dos melhores, como o diretor Fernando Meirelles e o fotógrafo Zé Bob, do longa-metragem Cidade de Deus, indicado ao Oscar de fotografia.

A ideia é passar uma noção da história e das técnicas cinematográficas. Com a falta de recursos, cabe aos próprios estudantes, orientados pelo casal, adaptar essas técnicas à realidade são-bentense. “Precisamos mesclar técnica de cinema com a produção”, explica o diretor.

O curso é um grande passo para disseminar o cinema no município e mesmo na região. Além de são-bentenses, entre os alunos estão moradores de Rio Negrinho e Joinville. Atualmente os estudantes analisam a parte histórica e teórica do cinema internacional e brasileiro. Até o final das aulas, previstas para o início de agosto, eles devem produzir um curta-metragem no município.

Lendas locais serão exploradas no filme que mescla documentário e ficção na película com cerca de 5 minutos. “Teremos a produção de um curta com uma equipe inteiramente são-bentense com os alunos envolvidos”, explica Christian Targa. O problema está apenas nos apoios da produção.

No momento, os alunos trabalham o roteiro do filme, mas a produção deve ser independente. A busca do cineasta e da jornalista é por apoios para as filmagens. “Precisamos de ajudas como transporte, alimentação, figurinos para os atores e tentamos conseguir um empréstimo de equipamento de uma produtora de Blumenau, mas não é tão fácil”, afirma o diretor. Caso não consiga, a equipe precisará alugar alguns equipamentos como grua e trilhos, nesse caso necessita de ajuda de custos e patrocínio. Interessados em colaborar com a produção do primeiro curta-metragem inteiramente são-bentense podem entrar em contato com a Fundação Cultural ou pelo telefone 9905-0285, direto com Juana Dobro.

Christian Targa Pessoa também é músico. Ele começou a tocar violão e baixo aos 10 anos e passou por várias bandas cover. Aos 16 anos aprendeu a tocar guitarra e no ano seguinte montou a banda punk Blind Pigs. Dois anos antes disso, procurou um estágio em uma produtora, mas não conseguiu.

Acompanhado por um amigo, Christian fez visitas regulares à produtora para assistir filmes e mais tarde foi chamado para um estágio comercial com o pagamento do transporte entre a casa e o trabalho. Como não se adaptou procurou outras empresas da área. Depois de trabalhar muito e aprender o suficiente voltou à essa primeira produtora, a 5.6, já como um profissional do setor. Depois de aprender a editar com alguns colegas, após muita insistência e iniciativa própria, foi para o setor Promo da MTV, em 1997.

Teve uma chance de fazer um longa-metragem como produtor de set no ano seguinte. “I hate São Paulo” teve filmagens que duraram dois meses direto, sempre de terça-feira a domingo. Infelizmente para Targa, o longa não foi concluído. De volta à MTV aprendeu a fazer a montagem das produções, como free lancer fixo. “Eu recebia mensalmente, mas trabalhava quando eles me chamavam”, explica.

A direção de filmagens na vida do cineasta começou com videoclipes. O primeiro partiu de um convite do vocalista da banda Gritando HC. A filmagem foi com uma câmera blindada da época da guerra à corda, a qual filmava 40 segundos e precisar dar corda novamente. “A dificuldade estava na hora de montar”, destaca. Outras bandas o procuraram e os clipes chegaram até a serem indicados ao VMB, o maior prêmio da música brasileira, inclusive alguns dirigidos por ele da banda CPM 22. O primeiro curta veio com “Metaleiro Montador” e, desde então, não se afastou mais do mundo da sétima arte.

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