segunda-feira, 16 de maio de 2011

Semana Nacional dos Museus I

Rio Negrinho


O passado nos mostra como chegamos à atualidade. Para celebrar isso, o país comemora a Semana Nacional dos Museus. A Gazeta preparou uma série de reportagens sobre os museus da região e a primeira delas fala sobre Rio Negrinho, onde dois museus chamam a atenção: o Carlos Lampe e o Museu Ferroviário.

Por ocasião do centenário do município, comemorado em 1980, o Lions Clube adquiriu um acervo geológico para iniciar o museu municipal Carlos Lampe. Primeiramente, o acervo foi colocado à visitação na casa da família Lampe, com inauguração no dia 24 de abril de 1980, sob a presença do governador da época, Jorge Konder Bornhausen. O nome do museu foi sugestão do Lions e teve aprovação pela Câmara de Vereadores no dia 12 de dezembro do mesmo ano. O atual secretário de Administração, Gervásio Simões da Maia, assinou a lei como diretor da Fazenda que era.

Com a enchente de 1983, houve a transferência do museu da casa cedida pelos Lampe, onde atualmente está a Pizzaria Mirage. A prefeitura adquiriu uma sala no prédio Julieta Simões de Oliveira, na Rua Willy Jung, Centro. O novo endereço durou nove anos. Mais uma vez o museu seria atingido por uma grande enchente em 1992. Mesmo com o perigo de novos alagamentos, a repartição continuou no local por mais sete anos até que, em 1998, o ex-prefeito Mauro Mariani desapropriou e tombou o Casarão Zipperer para transformá-lo na sede do museu. Para tanto, o local passou por diversos trâmites, entre eles três decretos, uma lei e uma notificação de tombamento.

A construção do Casarão Zipperer iniciou em 1919 para ser inaugurado no dia 4 de novembro de 1924. Jorge Zipperer e família residiram no local. A casa segue o estilo bangalô, muito usada no norte europeu. São dois pavimentos em madeira de pinho e vigamento em imbuia, com tábuas cepilhadas e encaixadas na horizontal para as paredes. Por dentro, parede dupla em madeira de pinho na vertical, com forro paulista.

O assoalho da varanda é de imbuia. A casa possui fundamento raso em pedra de arenito e tijolos maciços. A cobertura tem telhas francesas de barro. As colunas são feitas de toras de pinheiro e as portas e janelas de imbuia, a exemplo do revestimento da parede na sala de jantar e os móveis feitos sob medida. Na sala da frente, no hall de entrada, o revestimento das paredes é de carvalho, com enfeites artesanais, feitos com formão.

Apesar da preservação da pintura original, a casa já sofreu alterações como a retirada de janelas do sótão, modificação nas janelas da frente, retirada do assoalho do banheiro, retirada de uma escada interna, corrimão na escada restante, construção do galpão em alvenaria nos fundos, onde hoje funciona o Arquivo Histórico. Outras obras se fizeram necessárias como a instalação hidráulica na cozinha e banheiro, bem como colocação de caixa de água.

Nove anos após a criação do Carlos Lampe, o município viu nascer outro museu, desta vez na estação ferroviária. A inauguração também ocorreu por conta do aniversário da cidade. A ideia da criação era do Clube da Maria Fumaça quando a estação era mantida pela extinta Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA). Atualmente, o local é mantido pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária).

Na época, o Clube da Maria Fumaça alugava a máquina da RFFSA uma vez por ano para realizar viagem na região até a montagem do museu. As peças eram adquiridas junto à própria Rede Ferroviária e a pessoas da comunidade. Entre as primeiras peças estão o limpa-trilho de madeira, usado na parte frontal das locomotivas, uma luneta e um teodolito, usado pelos engenheiros na hora de construir a ferrovia.

O limpa-trilho é um dos únicos de toda a região entre Paraná e Santa Catarina. O museu teve a criação e manutenção apoiadas pela prefeitura, empresas como a Ceramarte e os sócios do Clube da Maria Fumaça. Até a fundação da ABPF em 1993. No ano seguinte chegava a primeira locomotiva. Com a associação, se formou um grande complexo ferroviário com oficina de locomotivas e carros de passageiros, museu e biblioteca na estação. Visitantes ainda encontram no museu aparelhos como o amperímetro, o voltímetro, o carimbador de bilhetes e pequenas identificações que iam no braço do maquinista e outros funcionários da estação.

Peças da própria estação foram conservadas no local como os armários utilizados na bilheteria. A ABPF mantém ainda sete locomotivas – uma desmontada -, e cerca de 30 vagões. Um deles era usado pelo presidente Getúlio Vargas. Montado no Rio Grande do Sul, o vagão estava em Curitiba e foi conseguido para Rio Negrinho. Com ele, Vargas seguia do Rio Grande do Sul para São Paulo. Infelizmente, o vagão não está mais aberto a visitações. As visitas ao museu podem ser feitas a qualquer dia da semana, dentro do horário comercial.

Nenhum comentário:

Postar um comentário