quarta-feira, 18 de maio de 2011

Semana Nacional dos Museus III

Campo Alegre

A cultura dos imigrantes polonesas que povoaram o distrito de Bateias de Baixo pode ser encontrada no Sto Lat (Museu dos 100 Anos). Um baú revestido em couro, trazido da Polônia pela família Kmiecick, é um dos itens em exposição que mais chama a atenção no local.

Fotos antigas, cadeira de barbeiro com mais de um século, réplica de fogão usado por imigrantes são itens a serem vistos. A réplica foi construída com base nos relatos de uma filha de imigrantes. Trata-se de uma caixa de madeira feita com galhos de araucária amarrados com cipó. No interior, uma mistura de terra e pedras enche a caixa onde vão as hastes de metal para formar uma grade onde as panelas eram apoiadas. Como as imigrantes utilizavam vestidos compridos, tinham medo de queimar a roupa no fogo de chão e assim criaram esse tipo de fogão.

O nome do distrito se baseia na “bateia”, espécie de gamela de madeira usada no garimpo do ouro. Esse instrumento tem lugar de destaque no museu. “Não sabemos se é uma bateia original ou uma réplica”, explica Márcio Augustin, integrante da Braspol, associação responsável pelo museu. A comunidade comenta da existência de uma fundição clandestina na localidade antigamente. Somadas a bateia e a fundição, comprovam a existência de ouro na região.

Nem só de colonização polaca se formou o distrito. O museu também possui peças relacionadas a outras etnias como uma desnatadeira importada da Alemanha. Juvenal Wdütke conseguiu a máquina, pois cobrava dos colonos para desnatar o leite e fazer manteiga.

Numa das paredes, uma rede de palha de milho trançada por cabocla. Artefatos indígenas, como machadinhas, quebradores de coco e afiadores completam o acervo, bem como uma coleção geológica. Uma das pedras é lava vulcânica, expelida há cinco mil anos. A informação foi conseguida após análise do material pelo Centro de Paleontologia (Cenpáleo) de Mafra.

Criado em 2005 pela Braspol (Representação Central da Comunidade Brasileiro-polonesa no Brasil), o museu está aberto a visitações em horário comercial nesta Semana Nacional dos Museu. Em outras épocas, visitas só podem ser feitas mediante agendamento pelo telefone 3632-7061.

Com 80 anos, Eulália Dziedcz integra a Braspol e é uma das voluntárias na organização do museu. Entre as muitas histórias que tem para contar está a de um misterioso relógio. O dono decidiu doá-lo ao museu porque, mesmo parado há 18 anos, sem ponteiros nem pêndulo, o relógio começou a badalar no dia em que um morador da comunidade morreu. “Esse relógio de parede foi trazido por um imigrante polonês que o ganhou como lembrança antes de embarcar. Seguramente tem mais de cem anos”, afirma a voluntária. A relíquia foi restaurada e agora integra o acervo do Sto Lat.

Não tão antigas quanto as peças do século XIX são as televisões e o primeiro computador utilizado em Bateias. Em 1970, os brasileiros assistiam pela primeira vez à transmissão ao vivo da Copa do Mundo pela TV. Em Bateias havia apenas um aparelho no comércio de Valdinho Munhoz. “No dia em que Pelé levantou a taça, tinha mais gente na venda do Munhoz que em festa da igreja, todo mundo em volta da televisão”, lembra Márcio Augustin.

Na área central de Campo Alegre, o Museu Municipal Bento Sylvio Munhoz está de mudança. O acervo sairá da Casa da Cultura e passará a ocupar o Casarão das Artes, perto da escola Lebon Régis. A transferência das peças e identificação visual do espaço são feitas pela Secretaria de Cultura. A pasta também contratará um estagiário para o museu funcionar aos finais de semana.

O Casarão das Artes é cedido por um empresário para fins culturais do município. “Além de abrigar o acervo histórico, a intenção é que o Casarão também seja utilizado para exposições temáticas e de artes”, explica Marília Crispi de Moraes, secretária de Cultura. No acervo estão objetos religiosos, antigas máquinas de escrever e de calcular, instrumentos musicais, fotografias, entre outras peças que ajudam a contar a história de Campo Alegre.

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