domingo, 14 de agosto de 2011

À Brasileira

Joinville

Às 20h30 de amanhã (15), o Teatro Juarez Machado será palco do espetáculo "À Brasileira", do grupo Atos Teatro, como parte do festival Cena 8.

Josefina e Helena têm um desejo em comum: as duas querem casar, mas problemas culturais as atrapalham. Para conseguir o que querem, terão que dar “um jeitinho brasileiro”. Elas são personagens criadas pelo dramaturgo mineiro França Júnior para retratar as limitações que os costumes impunham às pessoas na metade do século 19 e estarão na peça “O Defeito de família” e “Tipo Brasileiro”, no palco do Teatro Juarez Machado, de hoje até domingo. É a estreia oficial da peça “À Brasileira”, do Grupo Atos de Teatro, que já fez outra curta temporada no Juarez Machado em dezembro do ano passado como pré-estreia.
São duas peças curtas que, adaptadas, viraram uma comédia musical, já que as duas fazem uma sátira social de forma sutil e analisam o comportamento do brasileiro. Afinal, o brasileiro, apesar das dificuldades, sempre encontra um jeitinho para resolver os problemas. As duas tratam do mesmo tema: como a imagem para o brasileiro é dependente de aprovações na vida emocional e financeira.
“França Júnior criticava muito a internacionalização do Brasil e de como no século 19 as pessoas estavam ligadas às conveniências”, analisa o diretor de “À Brasileira”, Rubens Lima Junior. Seis atores da companhia teatral entram em cena para viver as personagens das duas peças que, com o trabalho do cenógrafo Augusto Pessoâ, usam o mesmo figurino no palco – que se transforma nos entreatos como se fosse mágica. Segundo Rubens, a ideia foi criar uma estética diferente, com as cores da bandeira brasileira, para não deixar a peça restrita à montagem original.
Nas mãos de França Júnior, “À Brasileira” é uma peça musical. Como “Tipo Brasileiro” não tem canções originais, Jackson Araújo entrou em cena para criar as canções ao lado de Augusto Pessoâ, que escreveu as letras. Ela marca a transformação da Atos em um grupo com preparação para musicais. “Não somos cantores que atuam, mas atores que cantam, então estamos trabalhando bastante para buscar este perfil técnico”, conta a atriz Eliane Ramin. 
“À Brasileira” faz parte da série Dramaturgias Brasileiras do Século 19 – ao lado de outra peça do grupo, Folias Machadianas – e para o diretor a montagem destes textos representa, de certa forma, o atraso das peças brasileiras. “Sem desmerecer o teatro de hoje, mas estamos pelo menos cem anos atrasados. Não se faz mais peças com a qualidade que os dramaturgos da época faziam”, lamenta Rubens, que destaca a segunda metade do século 19 como o auge do teatro, quando o Rio de Janeiro era pólo cultural e tinha cerca de 40 grandes teatros. 
“Os autores dessa época queriam mostrar o Brasil com uma cultura definida, pensando no Brasil de modo original, sem a influência da Europa. Por isso as peças tem essa ideia ufanista, de não ver o País só pelo lado ruim, como geralmente o brasileiro faz”, analisa.

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