terça-feira, 23 de agosto de 2011

Olhar estrangeiro

Jaraguá do Sul

O Teatro Sesc exibe hoje em três horários (15, 17 e 20 horas) o filme "Olhar Estrangeiro" com entrada franca. “Olhar estrangeiro” é um filme sobre os clichês e as fantasias que se avolumam pelo mundo afora sobre o Brasil. Baseado no livro “O Brasil dos gringos”, de Tunico Amâncio, o documentário mostra a visão que o cinema mundial tem do país. Filmado na França (Lyon e Paris), Suécia (Estocolmo) e EUA (Nova York e Los Angeles), o filme, através de entrevistas com os diretores, roteiristas e atores, desvenda os mecanismos que produzem esses clichês.

O Olhar Estrangeiro foi um dos 10 projetos selecionados entre 200 documentários para o “Brasil Documenta”, a mais importante mostra brasileira de projetos para documentários. “O Olhar estrangeiro” trabalha com os clichês e as fantasias que o cinema mundial vem apresentando do Brasil. Como contraponto – os espectadores em todo mundo – reforçam os clichês, uma espécie de retrato em três por quatro dos (pré) conceitos que existem sobre nós.
No material filmado, não foram poucas as surpresas. A briga de Edmond Luntz contra a Twenty Century Fox ou a entrevista de Gerard Lauzier são um belo exemplo do exercício do poder na indústria cinematográfica. Ao mesmo tempo, a relação individual com o Brasil pode ser vista na verve de comediante de vaudeville de Philipe Clair, que revela com graça “o gringo apaixonado pelo Rio”.
Nas entrevistas realizadas em Nova York e Los Angeles, o poder de Hollywood continua surpreendendo, como os sucessos comerciais dos clichês mais toscos como nos filmes “Lambada” ou “Orquídea Selvagem”, assim como o desconhecimento americano da realidade brasileira. O próprio ator inglês Michael Caine revela não saber que Carmem Miranda vinha do Brasil. Entrevistas e filmes mostram ainda como ao criar um tipo único “latino”. Hollywood inventa uma nacionalidade, negando as existentes.

O documentário é a intercessão de três elementos. Os filmes da pesquisa, as histórias de como esses filmes foram feitos, e os retratos em três por quatro dos espectadores atuais, refletindo através de múltiplas línguas a reprodução dos clichês.
O olhar estrangeiro pode ser definido como aquele que apenas registra o que lhe é diferente, o que lhe é estranho, eliminando o resto. A nossa pergunta é de que maneira esse diferente foi sentido, de que maneira esse diferente foi criado, de que maneira esse diferente foi imposto. Não estamos à procura de uma única resposta, mas de nos acercarmos (e cercarmos) esses olhares

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